sábado, 16 de fevereiro de 2008

grandesertão.br, uma crítica

“-Nonada”. Que é expressão que todo letrando tem que saber o significado. Significados. Saber de cor, de lembrar, ou de gravar em papel, se a memória é fraca, como a carne. Início de grande narrativa saída da boca de Riobaldo. Quem pôs ali foi o Rosa, Guimarães. Esse, sabedor de outras terras, outras línguas, outras estórias. Nenhuma como esta: “Grande Sertão: Veredas”. Esta é dita, dizem, obra máxima, de mais, a mais boa. Outros adjetivos também. Que estes, adjetivos, se põe e se tira conforme a temporada. De o “Sertão” não: nasceu já inteiro, com adjetivo e tudo, e nunca mais tiraram. Que é este: clássico.
E tem doutor de muitas literaturas, outras, entendido, com caderno publicado e tudo, que analisa a obra, o romance, e tira múltiplas conclusões. É a crítica, chamada. Donde tem os que dizem coisa seguida de coisa, com sentido claro, de esclarecer. E os que não, que esses confundem gato com cão e acabam falando de trovão. Misturada, confusão.
Outro dia, de calmagem e tédio, de céu azul e sempre o mesmo, li um desses primeiros. De entendido, doutor de muitos saberes, emérito (não hermético), que é o que dizem desses sabedores. Li e gostei, dizia o título: “grandesertão.br”. Estranho nome. Isso digo sem estragar o resto, o conteúdo, que causa, causará, alguma falação. Das boas.
Caderno grosso, longo: li numa remada só!! Sou eu que sou desocupado, vagabundo? Sabe lá...Eu sei, mas não conto: não diz respeito a ninguém.
Mas dizia: o livro. Muitas coisas discutidas. Uma: a maneira de dizer. Língua, linguagem: causo à parte. Causos. Diz Willi Bolle, que este é o nome do emérito, que o texto do Rosa, tessituramente escrito que está, representa o povo, povão, cangaceiros e correlatos. Mas não representa, também. Coisa complicada: o Rosa cria a língua, linguagem, do povo daquelas paragens, ao Norte e ao dentro daqui. Mas que é fantasia, não existe. Miragem. Como essas que se têm quando não se come. Isso não passo, passei, mas compadre meu foi que contou. Mas o fato: é língua inventada, mistura de outras com essa, de fato, que se quer representar. E diz que o efeito, depois de lidos pontos e vírgulas e letras, é universal, de Universo, ou o nosso, pelo menos, que isso não é pouco. Outros, de outras paragens, não conseguiram. Este, Rosa, que é nosso, sim. E concebe Willi outras coisas: que “Grande Sertão” é hipertexto. É como super texto? É texto aumentativo? Não, que isso são outras coisas, irrelacionadas. O certo: que se pode ver, ler, seu conteúdo ligado, linkado, com outros grandes doutores, fundadores de nosso pensamento: Euclides de Cunha, Gilberto Freyre, Sérgio Buarque de Holanda, Caio Prado Jr., Raymundo Faoro, Antonio Candido e Celso Furtado. Linkado. Linkagem: linguagem modernosa que outra coisa não é que isto: um referenciamento constante com esse povo, leitura possível de “Veredas”, aumentando seu entendimento, seu alcance.
Isso, posto da maneira que foi, são coisas-nuvens, abstratas, mas que foi aí acima resumido, apresentado. Leia o livro quem quiser mais saber: dizer tudo que diz só copiando inteiriço.

2 comentários:

Unknown disse...

Crítico, nupramim, tem qui falá no-igual e no-claro.
U homi tá, tempo passanu, miô na escrita falada.

Parabéns Postigo.

Lado B do Disco 2 disse...

Hummm...Gostim do sertão mineiro... Muito bão!

Tem que fazer mais coisas dessas! Crítica deliciosa de ler. Parabéns =)